Simplicidade ao seu alcance

É possível que a Psicologia explique o motivo interior que em toda história da humanidade tem levado os seres a sofisticação e a relegarem a um plano secundário tudo o que é simples na vida.

Simplicidade para uma grande maioria tornou-se sinônimo de vulgaridade, o que é uma grande inverdade, um grande engano em que os menos sensíveis sempre resvalam.

Somente depois de ter mergulhado num mar de complicações depois de sofrer desnecessariamente uma série de decepções pela vida afora, depois de se purificar é que finalmente o homem descobre a simplicidade.

Nós atravessamos a existência, esperando por uma experiência que transforme e dê significado e plenitude às nossas vidas e na maioria das vezes, não somos diretos, nem sequer temos consciência daquilo que buscamos ou que queremos da vida. É aí que começamos a complicar, a criar fantasias, a questionar, a mudar nossas opiniões, nossos padrões e até mesmo a escravizarmo-nos a modismo que nos envolvem em um ciclo aparentemente interminável de expectativas impossíveis que sempre vêm seguidas de amargos desapontamentos.

Existe uma assertiva na filosofia Zen que diz: “O caminho para a iluminação, para a alma, não é pelas nuvens, não é pela negação da terra: ele é encontrado dentro desta vida mortal, dentro da simplicidade das nossas tarefas mundanas e dos nossos relacionamentos com pessoas comuns”.

As pessoas dotadas de maior sensibilidade, os artistas em geral, são os primeiros a compreenderem a verdade de que a Arte sempre nos aponta uma resposta e que não se deve complicá-la porque é preciso apenas simplicidade para fazê-la florescer.

O homem primitivo, o nosso silvícola nos oferece essa lição de vida pois ele encontra a felicidade no seu mundo simples de viver e o homem moderno com toda a Ciência e Tecnologia a seu serviço está cada dia mais distante da felicidade que é a meta perseguida e procurada ansiosamente por todos na face da terra.

E o caminho é curto, basta ser simples que o resto virá por acréscimo.


Categoria: Crônicas

Postado em: 28 de fevereiro de 2021, às 20h00 | Publicação original: marã§o de 1986
Atualizado em: 28 de fevereiro de 2021, às 20h02

M. A. Matos de Melo

Sobre mim

Sou Maria Auxiliadora Matos de Melo, Brasileira, viúva, nascida em Sete Lagoas (MG) em uma manhã de 10 de Abril da década de 40. Não tenho a pretensão de aqui estabelecer uma discussão filosófica sobre quem sou, apenas levar àqueles que me derem a honra da leitura dos meus escritos um pouco de informação sobre a minha pessoa, meus afazeres e prazeres, enfim, algo de mim.

Desde a minha mais tenra infância, e por influência da família materna, senti muito forte a presença da Literatura e da Arte em minha vida. A casa da minha avó materna era um verdadeiro ponto de encontro de pessoas com múltiplos talentos que, atraídos pela educação refinada e beleza intelectual da proprietária, ali se reuniam, nas quase noites dos finais de semana para uma troca de conhecimentos e informações sobre o que acontecia na Literatura, na Música, no Teatro, enfim, eram autênticos saraus, como se dizia, na época.

Foi nesse ambiente que cresci e, muito cedo, tornei-me aficionada da Poesia, do Conto, da Música, ou seja da Arte em todas as suas manifestações, e deixava, com prazer, as bonecas para me assentar em um canto da grande sala e desfrutar daquelas ideias novas e visão de mundo, no que se tornou um Círculo Literário e Artístico, frequentado por nomes que, posteriormente, se tornaram reconhecidos no cenário mineiro e nacional, como o escritor e filólogo Carlos Góes, cuja irmã praticamente morava na casa de minha avó, o músico Mozart Bicalho, grande violonista que alegrava com sua interpretação impecável aquelas tardes, e alguns militantes do Teatro mineiro, que também ali aportavam. Nesse ambiente, desenvolvi a minha paixão pela Poesia e pelas Artes em geral. Comecei a escrever, timidamente, alguns poemas que foram posteriormente transformados em livros, por iniciativa de amigos meus que militavam na área literária.

Essas duas publicações escolhidas, revisadas, ilustradas e enviadas ao prelo por esses dois grandes amigos, foram retiradas em parte de Crônicas e Poemas antes publicados nos diversos Órgãos de Imprensa da nossa cidade, onde fui colaboradora por muitos anos, através de uma Coluna semanal e de um Suplemento Literário que por algum tempo organizei e publiquei também semanalmente.

Quando decidi voltar aos estudos e à vida acadêmica, realizei um desejo antigo de militar na Psicologia. Graduei-me e exerci por algum tempo a Psicologia Clínica, cujos resultados muito me gratificaram, até que o meu trabalho como dirigente de empresa exigiu-me maior dedicação e tive que paralisar, pelo menos temporariamente o exercício da Clínica, ao qual algum dia pretendo voltar, pois, na medida do possível, continuo me informando e participando de atualizações como especialização em atendimento a crianças e adolescentes, minha segunda opção profissional.

Hoje, por sugestão de meu filho, volto à escrita para não perder a trilha da Literatura, nessa nova modalidade de mídia que a vida moderna nos oferece. Espero chegar às pessoas como anteriormente fazia nos Jornais da cidade e levar aos caros leitores um pouco da minha experiência de vida e do meu pensar.