Silêncio

Porque vivemos em um mundo trepidante e agitado, onde as pessoas necessitam a todo momento de agir, falar, se fazer ouvir ou notar, de superar o outro numa eterna competição é que tão pouco valor se dá ao silêncio.

Existe na vida moderna muita agitação, muito barulho e os seres humanos tanto já se acostumaram a esse estado de coisas que lhes falta uma certa atenção interior, o que faz com que falem e ajam atabalhoadamente, melindrando os demais, sem o domínio sequer do espaço que os rodeia.

Além do barulho exterior, existe o seu reflexo no interior das pessoas, o que as impede de se acalmarem, de concentrarem, de meditarem.

Quando o ser humano evolui espiritualmente, a sua primeira necessidade é a de organizar interiormente pois ele compreende que pertence a um todo muito mais vasto que ele e cuja harmonia não deve ser perturbada com sua agitação interior.

Essa agitação a que me refiro é causada pela dissonância dos nossos pensamentos, dos nossos tormentos e dos nossos sentimentos conturbados, que nos levam a perturbar o ambiente em que vivemos com os nossos gestos nervosos e incontrolados.

É necessário pois que aprendamos a desenvolver em nós mesmos a calma, a serenidade o que nos evitará um sem número de doenças psíquicas e até mesmo físicas.

Todas as pessoas, por mais atividades que tenham nas 24 horas do dia, para concentrarem-se, para desligarem do mundo material e se elevarem numa atividade do domínio espiritual.

Mesmo que não haja tempo para ler, para orar, para meditar, é certo que todas as pessoas poderão dispor, nem que seja de uns poucos instantes no decorrer do dia para se ligarem ao Criador de todas as coisas, e lhe dirigirem um pensamento de amor e gratidão. É o momento do silêncio. É o momento do crescimento interior. Com essa prática desenvolve-se a luz que a cada um é atribuída e as aquisições interiores, única herança que o acompanhará até o final da jornada.

Silêncio interior, autocontrole, autodomínio, uma vez aprendidos farão com que o homem se respeite e respeite o seu semelhante, única forma de melhorar a convivência humana.


Categoria: Crônicas

Postado em: 24 de janeiro de 2021, às 16h07 | Publicação original: julho de 1991
Atualizado em: 24 de janeiro de 2021, às 16h10

M. A. Matos de Melo

Sobre mim

Sou Maria Auxiliadora Matos de Melo, Brasileira, viúva, nascida em Sete Lagoas (MG) em uma manhã de 10 de Abril da década de 40. Não tenho a pretensão de aqui estabelecer uma discussão filosófica sobre quem sou, apenas levar àqueles que me derem a honra da leitura dos meus escritos um pouco de informação sobre a minha pessoa, meus afazeres e prazeres, enfim, algo de mim.

Desde a minha mais tenra infância, e por influência da família materna, senti muito forte a presença da Literatura e da Arte em minha vida. A casa da minha avó materna era um verdadeiro ponto de encontro de pessoas com múltiplos talentos que, atraídos pela educação refinada e beleza intelectual da proprietária, ali se reuniam, nas quase noites dos finais de semana para uma troca de conhecimentos e informações sobre o que acontecia na Literatura, na Música, no Teatro, enfim, eram autênticos saraus, como se dizia, na época.

Foi nesse ambiente que cresci e, muito cedo, tornei-me aficionada da Poesia, do Conto, da Música, ou seja da Arte em todas as suas manifestações, e deixava, com prazer, as bonecas para me assentar em um canto da grande sala e desfrutar daquelas ideias novas e visão de mundo, no que se tornou um Círculo Literário e Artístico, frequentado por nomes que, posteriormente, se tornaram reconhecidos no cenário mineiro e nacional, como o escritor e filólogo Carlos Góes, cuja irmã praticamente morava na casa de minha avó, o músico Mozart Bicalho, grande violonista que alegrava com sua interpretação impecável aquelas tardes, e alguns militantes do Teatro mineiro, que também ali aportavam. Nesse ambiente, desenvolvi a minha paixão pela Poesia e pelas Artes em geral. Comecei a escrever, timidamente, alguns poemas que foram posteriormente transformados em livros, por iniciativa de amigos meus que militavam na área literária.

Essas duas publicações escolhidas, revisadas, ilustradas e enviadas ao prelo por esses dois grandes amigos, foram retiradas em parte de Crônicas e Poemas antes publicados nos diversos Órgãos de Imprensa da nossa cidade, onde fui colaboradora por muitos anos, através de uma Coluna semanal e de um Suplemento Literário que por algum tempo organizei e publiquei também semanalmente.

Quando decidi voltar aos estudos e à vida acadêmica, realizei um desejo antigo de militar na Psicologia. Graduei-me e exerci por algum tempo a Psicologia Clínica, cujos resultados muito me gratificaram, até que o meu trabalho como dirigente de empresa exigiu-me maior dedicação e tive que paralisar, pelo menos temporariamente o exercício da Clínica, ao qual algum dia pretendo voltar, pois, na medida do possível, continuo me informando e participando de atualizações como especialização em atendimento a crianças e adolescentes, minha segunda opção profissional.

Hoje, por sugestão de meu filho, volto à escrita para não perder a trilha da Literatura, nessa nova modalidade de mídia que a vida moderna nos oferece. Espero chegar às pessoas como anteriormente fazia nos Jornais da cidade e levar aos caros leitores um pouco da minha experiência de vida e do meu pensar.