A nossa casa

Tantos vivem confinados entre as quatro paredes edificadas para uso e proteção de um limitado grupo de pessoas que constituem e se fecham numa só família, e, se esquecem ou deixam de perceber que além dos muros altos de sua propriedade particular, existe a continuação do seu lar e da sua família, que são o mundo e a humanidade toda.


Para além das suas cercas existem praias fantásticas, montanhas imensas, onde nasce a vida, vales cobertos de árvores frondosas e rios caudalosos que também são a casa do homem, o paraíso terrestre.
Como negar que existem irmãos nossos, de pele branca, amarela, negra ou vermelha, co-habitando esse paraíso e que nem sempre são lembrados quando nos referimos à nossa família?


Dela, da família humana, fazem parte também, aquela criança esquelética que ví numa fotografia tirada em Biafra; aqueles nativos das Ilhas dos mares do Sul, com as suas vestes, suas danças, seus rituais; os monges perdidos nas montanhas do Tibet, à procura de verdades que nem sonhamos; os habitantes obscuros das montanhas do Peru, e, por extensão de toda a Cordilheira dos Andes.


Além desses, toda a multidão que se acotovela e disputa um espaço nas grandes cidades e capitais de todo o mundo.


Todos são membros da nossa família e vivem nessa mesma casa.


Como é grande, variada e fantástica a casa em que moramos!


Como é bom abrir os portões dos nossos limites e transpor as fronteiras do nosso fechado mundo cotidiano, para visitar aqueles irmãos que vivem às margens do Rheno, cultivando a vinha e produzindo um dos melhores vinhos da Terra; subir aos Cerros da Patagônia e contemplar a vida simples da gente que convive quase o ano todo com o frio e com a neve, lutando pela sobrevivência !


E os nossos irmãos que vivem nos igarapés da Floresta amazônica ou no agreste nordestino em um solo tão hostil e em condições muito mais difíceis do que a de tantos outros de nós, que ainda temos a coragem de reclamar da vida! 


Também, ali é a nossa casa, pois, parte da nossa família lá está.


Somente abrindo o nosso coração e partindo para a grande viagem do Amor é que conheceremos os nossos domínios e os nossos irmãos que habitam todo esse paraíso que é a casa de todos nós.


Categoria: Crônicas

Postado em: 20 de março de 2021, às 08h21 | Publicação original: marã§o de 2021
Atualizado em: 14 de julho de 2021, às 16h09

M. A. Matos de Melo

Sobre mim

Sou Maria Auxiliadora Matos de Melo, Brasileira, viúva, nascida em Sete Lagoas (MG) em uma manhã de 10 de Abril da década de 40. Não tenho a pretensão de aqui estabelecer uma discussão filosófica sobre quem sou, apenas levar àqueles que me derem a honra da leitura dos meus escritos um pouco de informação sobre a minha pessoa, meus afazeres e prazeres, enfim, algo de mim.

Desde a minha mais tenra infância, e por influência da família materna, senti muito forte a presença da Literatura e da Arte em minha vida. A casa da minha avó materna era um verdadeiro ponto de encontro de pessoas com múltiplos talentos que, atraídos pela educação refinada e beleza intelectual da proprietária, ali se reuniam, nas quase noites dos finais de semana para uma troca de conhecimentos e informações sobre o que acontecia na Literatura, na Música, no Teatro, enfim, eram autênticos saraus, como se dizia, na época.

Foi nesse ambiente que cresci e, muito cedo, tornei-me aficionada da Poesia, do Conto, da Música, ou seja da Arte em todas as suas manifestações, e deixava, com prazer, as bonecas para me assentar em um canto da grande sala e desfrutar daquelas ideias novas e visão de mundo, no que se tornou um Círculo Literário e Artístico, frequentado por nomes que, posteriormente, se tornaram reconhecidos no cenário mineiro e nacional, como o escritor e filólogo Carlos Góes, cuja irmã praticamente morava na casa de minha avó, o músico Mozart Bicalho, grande violonista que alegrava com sua interpretação impecável aquelas tardes, e alguns militantes do Teatro mineiro, que também ali aportavam. Nesse ambiente, desenvolvi a minha paixão pela Poesia e pelas Artes em geral. Comecei a escrever, timidamente, alguns poemas que foram posteriormente transformados em livros, por iniciativa de amigos meus que militavam na área literária.

Essas duas publicações escolhidas, revisadas, ilustradas e enviadas ao prelo por esses dois grandes amigos, foram retiradas em parte de Crônicas e Poemas antes publicados nos diversos Órgãos de Imprensa da nossa cidade, onde fui colaboradora por muitos anos, através de uma Coluna semanal e de um Suplemento Literário que por algum tempo organizei e publiquei também semanalmente.

Quando decidi voltar aos estudos e à vida acadêmica, realizei um desejo antigo de militar na Psicologia. Graduei-me e exerci por algum tempo a Psicologia Clínica, cujos resultados muito me gratificaram, até que o meu trabalho como dirigente de empresa exigiu-me maior dedicação e tive que paralisar, pelo menos temporariamente o exercício da Clínica, ao qual algum dia pretendo voltar, pois, na medida do possível, continuo me informando e participando de atualizações como especialização em atendimento a crianças e adolescentes, minha segunda opção profissional.

Hoje, por sugestão de meu filho, volto à escrita para não perder a trilha da Literatura, nessa nova modalidade de mídia que a vida moderna nos oferece. Espero chegar às pessoas como anteriormente fazia nos Jornais da cidade e levar aos caros leitores um pouco da minha experiência de vida e do meu pensar.